sábado, 24 de novembro de 2007

Li recentemente o um post da minha amiga aqui http://orangemyworld.blogspot.com (não sei mais colocar links), onde ela dizia que "Eu venho de uma adolescência perturbada (como 98% das pessoas normais que conheço). Claro que só uma banda de rock seria capaz de me entender."

Eu não sei exatamente o que ela quis dizer com perturbada. Se aconteceram mil coisas horríveis com ela; se ela tinha algum problema de auto aceitação; se era revoltada; não sei.

Eu fui uma adolescente normal. Hormônios aflorados, preguiça de ir pra escola, brigas com irmãos, problemas com colegas de escola.

No entanto, nunca fui revoltada, nunca quis morrer, nunca enchi a cara ou usei drogas, nunca fui expulsa de colégio, nunca repeti de ano. A única coisa talvez moralmente reprovável na cabeça conservadora da minha mãe talvez seja o fato - que acredito que ela desconheça, mas se conhecer, prefiro que não comente - de que perdi a virgindade aos 15 anos com meu primeiro namorado.

De resto, não trouxe maiores complicações e nem fui loucona.

No entanto, a minha vida era um caos. Um CAOS.

Começou ainda na puberdade, com a separação dos meus pais. Eles se separarem não foi o problema, nunca tive grilos com isso. O problema todo foi o que veio a seguir: agressões verbais pesadíssimas; agressão física do meu pai contra minha mãe; uma família separada.

Foram mais de 10 anos da minha vida no meio de brigas que pareciam não terminar, e tudo isso se refletia na minha relação com meus irmãos, a ponto de cada um ir morar numa casa diferente. Minha irmã, com quem eu mais me desentendia, infelizmente - como dói - não está mais entre nós. Com meu irmão, apesar de ainda brigarmos, consigo tentar manter o controle, ainda que sinta vontade de socá-lo a cara. Hoje, são brigas de irmãos, apenas. Antes, nós 3 parecíamos inimigos mortais em algumas ocasiões.

Hoje, essa parte conturbada da minha existência, que na verdade representa a sua formação para a vida adulta, se reflete nos meus relacionamentos pseudo-amorosos.

Apesar de racionalmente sabermos que é errado que alguém rasgue sua blusa e tente bater em você (não foi comigo), e que você no dia seguinte esbraveje aos 4 ventos que "agora acabou", inconscientemente você imagina que tudo aquilo são coisas da vida. Basta, aos 11 anos, ter visto sua mãe pegar numa arma pra "matar aquele filho da puta".

Amo minha mãe incondicionalmente. Meu pai, não. Mas não deixo de me questionar se minha vida hoje não seria mais fácil (e das pessoas que me cercam também) se eu tivesse vivido num ambiente pacífico. Ver minha mãe submetida a determinados comportamentos do meu pai certamente faz com que eu hoje aceite certas coisas que são inadmissíveis. Para seguir o padrão, eu reajo violentamente just like she used to. Sou uma versão melhorada dela, mas talvez seja apenas pq não sou casada e não tenho 3 filhos.

Ter consciência do problema é essencial para que eu tente melhorar. Tenho, e estou tentando. Mas tá difícil.

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